Práticas e políticas públicas voltadas para a promoção de saúde mental são estratégias eficazes para a prevenção do suicídio. A promoção da saúde mental deve ser encarda pela sociedade como uma ação para a qual podemos contribuir muito. Os fatores de proteção para as crianças e adolescentes consistem em favorecer a expressão de pensamentos e sentimentos de maneira segura e sem julgamentos: por meio de uma escuta sensível, em que elas possam estabelecer confiança para expressar os medos, as frustrações e angustias, sendo acolhidas com respeito e afeto; criação e manutenção de espaços sociais saudáveis, inclusivos e tolerantes: que estimulem a autoestima e bem-estar, interação com pares, fortalecimento dos vínculos sociais; e despertar um senso de pertencimento e apoio: fortalecimento dos vínculos familiares, no sentido de promover práticas parentais positivas, formação da identidade, bem como identificar o lugar que ocupa na sociedade. Essas ações são de extrema relevância ao combate do suicídio.

 

Arte: Jessyca Maciel, via Behance.

Sabemos que o suicídio é um fator complexo e multifatorial, nesse sentido, é importante destacar que a presença de um único evento, raras vezes leva o adolescente à ideação ao suicídio. Por isso, é necessário ajudá-lo a identificar as situações ruins e sentimentos dolorosos, buscando auxiliá-lo na solução de algum problema que esteja enfrentando, fortalecendo sua capacidade de lidar com as adversidades do cotidiano. Na maioria das vezes, é necessária a intervenção de profissionais como psiquiatras, psicólogos, além de outros profissionais da saúde mental.

Ilustração: Paola Zelandi, via Behance, para o Unicuritiba

Algumas alterações físicas e psíquicas estão presentes no discurso do adolescente que vivencia sensações de estar enfrentando momentos difíceis, e exige muita atenção, como o desamparo, dores e angustia no peito, dormência, falta de ar, depressão, frustrações, desânimo, dores no corpo, sofrimento, ansiedade, mal-estar em geral. Embora essas queixas sejam difusas, se manifestam silenciosamente.

Existem ainda, outros fatores de alerta que pode dar sinais sutis de que a criança ou o jovem precisa de ajuda:
⚠️ Irritação ou agitação excessiva da criança ou adolescente;
⚠️ Sentimentos de tristeza, baixa autoestima e impotência;
⚠️ Tentativas prévias de suicídio;
⚠️ Relatos de violência psicológica (humilhação, agressões verbais), física, sexual ou negligencia;
⚠️ Problemas de saúde mental da criança e/ou adolescente e/ou seus familiares, especialmente depressão e ansiedade;
⚠️ Uso de álcool e/ou outras drogas;
⚠️ Histórico familiar de suicídio
⚠️ Ambiente familiar hostil;
⚠️ Falta de suporte social e sentimentos de isolamento social;
⚠️ Sofrimento e inquietações sobre a própria sexualidade;
⚠️ Interesse por conteúdos de comportamentos suicida ou autolesão em redes sociais virtuais.

Card: Anderson Matheus, via Behance, para o Pio IX/ Piauí.

Como forma de cuidado, as pessoas próximas do adolescente, os familiares, a escola e os profissionais da saúde precisam estar em alerta sobre prevenção as ideações, as tentativas ou o ato suicida propriamente dito em crianças e adolescentes. Em crianças, os casos são raros e pouco identificados, porém, na adolescência é um dos mais sérios problemas de saúde pública no mundo (WHO, 2019). É importante observar também, a presença de comportamentos autolesivos, uma forma de autoagressão. Eles podem, ou não, serem caracterizados como comportamento suicida, visto que existe a autolesão sem intenção suicida, que merece igualmente muita atenção, uma vez que são sinais de sofrimento e podem aumentar o risco para ocorrência do suicídio propriamente dito.

Cabe lembrar que o suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial que pode ser prevenido, bem como existem medidas e ações protetivas, passiveis de serem adotadas:
✔️ Não duvidar, desqualificar ou minimizar o relato de desejo a ideação ao suicídio;
✔️ Acolher o adolescente ou o jovem e sua família sem julgamentos, e considerar o ato como um sinal de alerta, especialmente para evitar um novo episódio suicida;
✔️ Ter escuta cuidadosa, respeitosa e séria, procurando sempre entender melhor o que ocorreu e como o adolescente ou jovem se sente;
✔️ Evitar apontar culpados ou causas;
✔️ Oferecer ajuda para iniciar um acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico, garantir que o adolescente ou jovem procure por atendimento médico necessário;
✔️ Em caso de perigo imediato de comportamento suicida ou de automutilação, acionar o SAMU 192, e/ou orientar o familiar, no caso da criança e do adolescente os pais/responsáveis, a levar para um atendimento de emergência em UPA, pronto socorro ou hospital. Recomenda-se não deixar a pessoa sozinha e garantir que receba o atendimento em saúde em caráter de emergência.


REFERÊNCIAS

CVV. Centro de valorização da vida. Guia para educadores e pais. Disponível em: <https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/05/guia_CVV_pais_educadores_DIGITAL.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2020.

WORLD HEALTH ASSOCIATION. Suicide, 2 de Setembro de 2019. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide>. Acesso em: 27 ago. 2020.


Artigo escrito por Lusilene Mariano de Sá Ritzel
Graduada em Psicologia pela Faculdade de Rolim de Moura (FAROL, 2012). Mestra pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR, 2017), Psicóloga Clínica CRP 20/04753, Abordagem Clínica: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Especialista em Psicologia do Trânsito (UCB, 2015), Formação em Saúde Mental (FIOCRUZ, 2020). Psicóloga Clínica no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em Nova Brasilândia do Oeste/RO. E-mail: lusilene.mariano@gmail.com


Foto da Autora do Artigo: Arquivo Pessoal/ Lusilene Mariano Ritzel.

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