O tabu é o grande calcanhar de Aquiles das campanhas de prevenção e controle de danos do Governo Federal. Mais do que um desconforto nacional em abordar temas importantes, se encontra também a dificuldade em alinhar ideias e produzir materiais de comunicação acessíveis ao público mais jovem. Percebendo que o primeiro passo era escutar e entender a realidade dos principais interessados neste material, o Ministério da Saúde convidou adolescentes e jovens das mais diversas regiões deste país continental, para estarem, durante os dias 22 e 23 de novembro de 2017, contribuindo com suas experiências e vivências no diálogo sobre ‘Saúde Sexual e Reprodutiva, Álcool e outras Drogas’, em Brasília (DF).

Embarquei nesta jornada com expectativas altíssimas sobre o resultado que tanta pluralidade acrescentaria aos diálogos durante esse período na capital brasileira. Inicialmente, um suspense geral foi criado sobre o que ocorreria nos dois dias de oficina. Compreensivamente, esse suspense foi substituído por satisfação ao descobrir que o norte organizacional do evento seria uma construção coletiva e horizontal das atividades. Um gol de placa da organização, que conseguiu prevenir que a programação não enrijecesse a participação e a espontaneidade da juventude presente.

A quarta-feira (22/11) começou com um ar úmido e ventos dignos do clima litorâneo carioca. Sem dúvida, um belo convite para participar da dinâmica inicial, onde a finalidade, mais do que espantar qualquer vestígio de marasmo ou sono, era de nos conhecermos de maneira divertida e espontânea. Em roda e nos grupos de trabalho o primeiro dia foi dedicado a construir um acordo comum sobre convivência nos espaços e mapear os inquietamentos sobre a saúde da juventude. Um esforço coletivo para criar um primeiro cenário para as discussões e propostas de intervenção do segundo momento de oficina.

O fim de tarde foi de troca de figurinhas, com muito bom humor. Afinal, não é sempre que se tem tantos estados, gêneros e particularidades presentes em um mesmo endereço. De diálogos nos quartos a mergulhos na piscina do hotel em que estávamos hospedados, o clima foi de muita descoberta e curiosidade sobre o próximo, sobre suas vivências e expectativas. A ansiedade em saber tudo se tornou um obstáculo à necessidade de dormir e, para alguns, o segundo dia acabou virando a continuação do primeiro.

No fim da programação, a piscina do hotel estava mais que liberada para os(as) participantes! | Ilustração: Igor DiCastro.

O dia seguinte se concentrou em afunilar os temas levantados nos grupos anteriores, sobre saúde sexual e reprodutiva, álcool e outras drogas, mostrando que ainda há muitos obstáculos que devem ser ultrapassados até a produção de um material de comunicação realmente eficiente, mas que, a partir destes diálogos, cria-se uma direção para auxiliar o Ministério da Saúde na construção de um material informativo mais acessível e adequado à realidade juvenil.

Quando se aproxima o momento de se despedir do último almoço em Brasília, do último café em Brasília ou do último abraço nos amigos e amigas é que se evidencia o quão importante é criar espaços de diálogos e formação para a construção de politicas publicas para a juventude. Falei um pouco mais sobre essa experiência também em vídeo para o canal Pixel Polar Estúdio.

Ao fim, a despedida no Aeroporto Juscelino Kubitschek, antes de voltar a Curitiba, fui apresentada ao poema ‘Gratidão’, de Fernando Pessoa, o qual, um paragrafo traduz minha experiência nesta nave pousada no Distrito Federal:

“… Mas ao que nada espera, tudo que vem é grato”.


Igor DiCastro viajou à Brasília (DF) representando o portal Universo Educom, a convite do Ministério da Saúde, que custeou as despesas envolvidas com a atividade.

Comments

0 comments

About Author /

Artista, fundador do DiCastro Studio. Graduando Gravuras em Artes Visuais pela Escola de Música e Belas Artes. Pesquisa as relações entre Pós-humano e Futurismo no Contemporâneo. Facilitador Gráfico e produtor de conteúdo e entretenimento com sensibilidade social.