A pandemia do COVID19, nos apresenta uma realidade complexa e nos permite perceber a normose que estávamos envoltos, nos acostumando a um normal que nunca deveria ter sido naturalizado por nós, mas que praticamos sem questionamentos a muito tempo, assim sendo, não poderia ser diferente a necessidade de abordar as reflexões do futuro da juventude pós-pandemia.

Foto: Josiane Santana/ Favelagrafia.

Quero começar com os riscos, dos quais o que me parece mais eminente é o hedonismo, depois de tanta permanência em casa, e a falta da liberdade antes experienciada, acabemos por buscar um prazer desenfreado, um prazer no consumismo, que gera a falsa sensação de um deleite que não é real, e aqui entra o paradoxo das classes sociais e da disputa do mercado e do poder. Esse risco que parece pequeno diante de uma sociedade que já é do consumo, não deve deixar de ser olhado como um risco social, mas também ambiental.

Poderíamos falar dos problemas que envolvem a juventude há muito tempo, a exemplo do extermínio da juventude, principalmente negra e de periferia, a falta de escolarização, a evasão, o suicídio, o desemprego, e tantas outras chagas na vivência enquanto jovens. Esses problemas, sempre nos mostram o descaso em relação a juventude, que é muito mais que uma faixa etária, que aliás é a maior na América Latina, contrariando a velha ideia do jovem como problema, apresentando assim a juventude em risco e não como um risco.

Foto: Josiane Santana/ Favelagrafia.

Muito além de um texto lamurioso, queria falar também nos sinais de esperança e ao falar deles, pensar o como eles podem nos impulsionar a uma transformação social e vivermos um futuro pós-pandemia. Dos sinais, o que mais me alegra o coração é ver a juventude protagonizando o congraçamento de várias organizações, ONGs, movimentos sociais e populares na luta solidaria contra os problemas que se agravam pelo Covid19, mas também na linha de frente contra a todos os problemas políticos que estamos vivenciando, se organizando contra a volta das aulas sem a segurança necessária, contra as aulas na metodologia de Ensino a Distância – EAD, mostrando os estigmas do acesso à internet e aos equipamentos tecnológicos, na luta antirracista, contra o machismo, a violência contra as mulheres e a LGBTQIfobia, e, não poderia deixar de citar no movimento ambientalista, combatendo todos os retrocessos socioambientais que estão querendo passar como boiada em meio a uma pandemia.

Continuando, sobre as luzes pós-pandemia, não poderia deixar de reforçar que as lindas iniciativas que temos participado ou presenciado, devem se manter como um aprendizado, no sentido de reforçar a contribuição da juventude para a sociedade.

Foto: Josiane Santana/ Favelagrafia.

Por fim, deve estar no nosso horizonte a importância da juventude no controle social, se fazendo propositora e fiscalizadora das políticas públicas, reforçando que a solução dos nossos grandes problemas, se dará por meio de uma mudança na política partidária, mas também na formulação de uma agenda pública responsável, comprometida com a superação das desigualdades sociais, na transição para sociedade sustentáveis e pautada na participação social.

Que nesse Dia Internacional da Juventude (12 de Agosto), possamos comemorar a vida de cada jovem, sem deixar de nos comprometer com o pacto intergeracional que responsabiliza todos para a construção do Bem Viver.

Saudações, carinho e respeito a cada jovem brasileiro que vive a teimosia santa de mudar a sua realidade e a construir a civilização do amor. E ao mesmo tempo silêncio de luto por tantas vidas jovens perdidas.


Artigo escrito por João Paulo Angeli
João é Presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB / Sul 2, Coordenador da Comissão Nacional de Juventude do CNLB e Jovem Líder Carta da Terra.

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