Acontece nesta terça-feira (30/03), a primeira live promovida pela ABPEducom – Associação Brasileira de Pesquisadores(as) e Profissionais em Educomunicação no ano de 2021. A atividade será transmitida ao vivo pelo Youtube, a partir das 17h00, com mediação da Paola Prandini e do Mauricio Virgulino, integrantes da diretoria da entidade.

No livro Educomunicação: o conceito, o profissional e a aplicação, de Ismar de Oliveira Soares, que também é o atual presidente da ABPEducom, o autor defende que uma das áreas de intervenção da educomunicação é, justamente, a expressão comunicativa através das artes. Para ele, essa área “está atenta ao potencial criativo e emancipador das distintas formas de manifestação artística na comunidade educativa, como meio de comunicação acessível a todos”.

Em atividades de educom, é possível abordar temáticas do currículo formal das escolas ou assuntos de interesse do grupo, através da utilização de recursos midiáticos, das tecnologias e de metodologias ativas, dinâmicas e criativas. As linguagens proporcionadas pelas artes, como a pintura, o desenho, a fotografia, literatura, cinema/ audiovisual, expressão corporal, performance, design, escultura, música, dança e tantas outras também podem ser incorporadas em atividades como oficinas de educomunicação, programas e projetos de educação midiática. Tudo isso, desde que tratadas de forma crítica e construídas de maneira colaborativa, sem ferir direitos humanos ou violar princípios pedagógicos.

A crise brasileira nas artes, na educação e na cultura

A pertinência do debate sobre as intersecções entre educomunicação e arte também ganha ares de luta social e política, dentro do contexto que a cultura atravessa no Brasil, desde a instauração do atual governo, acarretando diversas consequências. A começar pelo Ministério da Cultura, que apequenou sua estrutura e passou a ser uma Secretaria dentro do Ministério do Turismo, tendo seus ministros(as) envolvidos(as) em polêmicas que vão desde a produção de vídeo com semiótica nazista até a suavização da letalidade ditadura no país e de seu impacto no campo artístico do país.

Propostas políticas também deixaram de incentivar o ensino de Artes nas escolas públicas, afetando também as disciplinas de Sociologia e Filosofia. A medida, segundo especialistas, impacta em prejuízos à formação do público, na capacidade de leitura crítica das obras e vai contra o desenvolvimento de habilidades e competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como, por exemplo, a de “analisar objetos da cultura material e imaterial como suporte de conhecimentos, valores, crenças e práticas que singularizam diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço”.

Livros, até então imunes de impostos, agora passam a sofrer com tributação, gerando aumento nos preços das obras, dificuldade do acesso e compra de novos títulos, bem como gerando uma crise no mercado editorial.

O cinema no país também tem vivido momentos de instabilidade e perdas, com cortes de 43% do orçamento do Fundo Setorial do Audiovisual em 2020. O recurso passou de R$ 650 milhões para R$ 300 milhões. Isso sem mencionar o anúncio do presidente da república, que estaria estudando a extinção da Ancine – Agência Nacional do Cinema e o pedido de cancelamento de edital de financiamento de séries com temática LGBT+, já pré-selecionadas para exibição em TVs públicas, a pedido do ministro da Cidadania, Osmar Terra, em agosto de 2019.


Conheça o mini-currículo dos(as) convidados(as)

Reproduzimos a seguir, as informações disponibilizadas pela ABPEducom em seu site oficial, sobre os(as) convidados(as) da live.

Denise de Oliveira, educomunicadora de Sorocaba (SP) que integra iniciativas de arte e educação que contam narrativas negras e periféricas, como o Adeola Princesas e Guerreiras e o coletivo Viela 4. Entre o empreendedorismo social, a comunicação e as artes, Oliveira tem feito sua trajetória construindo outras formas de contar histórias. Ela é graduanda da licenciatura em Educomunicação da Universidade de São Paulo (USP) e tem pensado nas estratégias do sensível durante sua jornada no curso.

Antonio Xavier, doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). É pesquisador em danças folclóricas brasileiras, tendo atuado como dançarino, coordenador e coreógrafo em diversos grupos no Rio Grande do Sul e em Curitiba (PR). Atualmente, é professor do curso de Comunicação Social – Rádio e TV da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus (BA). Coordena o projeto de extensão “Educação Musical para Crianças, Jovens e Adultos” da mesma instituição. É sócio da ABPEducom desde 2014 e membro fundador do Núcleo Regional da ABPEducom no Nordeste.

Sattva Orasi, educomunicadora formada pela USP. Desenvolve a sua atividade profissional na fotografia, vídeo e arte contemporânea, mediando projetos nestas áreas para jovens e adultos em escolas e instituições culturais. Destacam-se as suas colaborações com a Fundação Bienal de São Paulo, o Instituto Asas e o projeto Humanae. Atualmente, Orasi reside em Madri, onde vem ampliando sua formação em arte e educação.

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Jornalista, educomunicador, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos no Paraná (2016-2018) e cofundador do coletivo Parafuso Educom. Além de produzir conteúdo para o portal Universo Educom, também escreve para a AJN - Agência Jovem de Notícias, Revista Viração e blog 'Educação e Mídia', da Gazeta do Povo. Desde 2015 é associado à ABPEducom - Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação.